Empresários e apoiadores de Bolsonaro ameaçam jornalistas do Estadão e da Folha

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Na noite desta sexta-feira (19/10) o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, divulgou em seu perfil no Twitter, com mais de 56 mil seguidores, o número de celular do repórter Ricardo Galhardo, do Estadão.

O repórter ligou para o empresário para obter declarações sobre a suspeita de Hang haver contratado pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp. Hang ficou contrariado por receber a ligação: “Quando perguntei sobre o assunto, ele me xingou, disse que iria ‘me f***er’ e que iria colocar meu telefone nas redes sociais”, relatou o jornalista à Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Não era uma mera ameaça. O dono da Havan expôs o número de celular do repórter em sua conta no Twitter. O empresário divulgou o número na sequência de uma postagem em que acusa o jornalista de “querer vincular o envio de mensagens de texto da Havan a clientes com política”.

Com a divulgação do número, Galhardo passou a receber uma onda de mensagens agressivas no WhatsApp. O departamento jurídico do jornal foi acionado para tomar providências legais. O Twitter removeu a postagem por considerá-la abusiva, uma violação das regras de uso da plataforma.

A Abraji soltou nota de repúdio contra “a exposição indevida do telefone do repórter Ricardo Galhardo pelo empresário Luciano Hang. Ações como essa comprometem a liberdade necessária aos jornalistas para fazer perguntas – especialmente as incômodas. Sem essa liberdade, a democracia definha”.

Não é a primeira vez que apoiadores de Jair Bolsonaro fazem ataques a jornalistas. Caso semelhante aconteceu com a jornalista Patricia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, que passou a ser alvo de comentários pejorativos e ameaças nas redes sociais após a publicação da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”. Apoiadores de Bolsonaro chegaram a criar a hashtag #FolhaPutinhadoPT. Centenas de usuários fizeram comentários depreciativos e ofensivos, além de ameaças nas redes de Patricia, em especial em sua conta no Twitter.