Greve de fome é suspensa, mas grevistas garantem que é só o começo da luta

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Após 26 dias de greve de fome, os sete participantes decidiram suspender o movimento durante o Ato de Solidariedade realizado na manhã deste sábado (25/08), no Centro Cultural Brasília (CCB), onde eles ficaram concentrados e receberam assistência médica e psicológica durante quase um mês.

Centenas de pessoas participaram do ato que foi marcado pela emoção diante da postura corajosa e dos depoimentos dos grevistas, aclamados como “guerreiros do povo brasileiro” pelos presentes. Representantes de vários movimentos sociais, dirigentes de partidos de esquerda e líderes religiosos participaram do evento.

Os grevistas fizeram a leitura de um manifesto, em que expuseram os motivos e os resultados vitoriosos alcançados pelo seu ato extremo. Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves (MPA), Gegê Gonzaga (CMP), Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico (MST) e Leonardo Soares (Levante Popular da Juventude) afirmam no documento que o movimento cumpriu os seus objetivos e o sentimento deles é de dever cumprido.

A greve de fome seria apenas o começo de uma luta maior, segundo eles, pela libertação do ex-presidente Lula, como protesto contra o retorno do Brasil ao mapa da fome e pelo fim das políticas sociais colocadas em prática pelo governo golpista.

Durante os 26 dias da greve, os grevistas acamparam e ocuparam a área em frente à sede do Supremo Tribunal Federal para pedir a votação da ADC 54, que trata da prisão em segunda instância. Além disso, eles participaram de diversos atos políticos e receberam visitas e apoios importantes, como o do Prêmio Nobel, Adolfo Pérez Esquivel. Durante esse período, o Comitê de Direitos Humanos da ONU decidiu que o Estado brasileiro deve garantir ao ex-presidente Lula o direito de se candidatar à presidência da República.

Durante o ato solidário, foi exibido um vídeo com uma mensagem da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que não pôde comparecer ao evento. Nele, ela agradeceu aos grevistas pela sua luta em favor da libertação do ex-presidente Lula e pelo fortalecimento do sentimento de justiça junto ao povo brasileiro. Gleisi também levou aos presentes um recado de Lula, em que ele reafirma o seu desejo de ser candidato ao dizer que “não tem o direito de não participar do processo eleitoral do país”. “Ele pediu para dizer a vocês que é candidato à presidência da República”, disse Gleisi.

Durante o ato, o coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, fez um balanço político positivo do ato extremo praticado pelos sete ativistas. “Durante 26 dias, os grevistas deixaram de comer alimentos, mas se alimentaram do debate político. Durante este tempo, nós realizamos diversas marchas em vários estados brasileiros e fizemos a maior manifestação popular desde o golpe, que foi a marcha rumo ao Tribunal Superior Eleitoral, com mais de 50 mil pessoas marchando para fazer o registro da candidatura de Lula”. Stédile também criticou a postura do STF com relação às reivindicações dos grevistas.