PT entrega à OEA denúncias de violência e notícias falsas nas eleições no Brasil

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A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e dirigentes nacionais dos partidos que apoiam a candidatura de Fernando Haddad se reuniram na tarde desta segunda-feira (22/10) com a Comissão de Observadores da OEA – Organização dos Estados Americanos -, que está no país para acompanhar as eleições presidenciais.

AO VIVO: Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT; Lindbergh Farias, líder da bancada do PT no Senado; e Paulo Pimenta, líder da bancada do PT na Câmara, respondem os ataques criminosos de Bolsonaro, que ameaçou o PT e os movimentos sociais de perseguição, prisão e extermínio! Caiu a máscara do ditador!

Publicado por Gleisi Hoffmann em Segunda, 22 de outubro de 2018

Participaram da reunião com representantes da OEA o líder da Bancada do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), o deputado Paulo Pimenta (RS), líder da Bancada do PT na Câmara, além do governador reeleito do Piauí, Wellington Dias (PT), e o senador Roberto Requião (MDB-PR).

Após a reunião, os participantes do encontro denunciaram os ataques realizados no último domingo (21/10) por Jair Bolsonaro que, em discurso, ameaçou o PT e os movimentos sociais de perseguição, prisão e extermínio.

“Entregamos um dossiê com as ações impetradas no Tribunal Superior Eleitoral contra a indústria da mentira e sobre os atos de violência ocorridos na campanha eleitoral no Brasil e alertamos sobre a gravidade do discurso de Bolsonaro feito neste domingo (21) contra o nosso candidato Fernando Haddad e os nossos apoiadores”, explicou Gleisi.

A presidenta do PT anunciou ainda que cópia do mesmo dossiê que foi entregue aos representantes da OEA será encaminhado para todas as embaixadas com sede no Brasil.

Na avaliação da presidenta do PT, o que Bolsonaro fez em seu discurso foi incitar a violência. “Dizer que vai prender Haddad se ele não sair do País. Isso é muito grave”, reforçou Gleisi, ao acrescentar que o partido e a coligação estão entrando com várias medidas judiciais em relação às afirmações do candidato adversário. Em sua íntegra, a fala de Bolsonaro “talvez seja comparada somente com a fala de Hitler, antes das eleições alemãs – e nós sabemos o que aconteceu lá”, completou.

De acordo com Gleisi, o candidato Jair Bolsonaro será notificado judicial e extra-judicialmente em face às suas declarações. “E, se alguma coisa acontecer com Fernando Haddad ou com Lindbergh Farias, a responsabilidade é sua”, afirmou a presidenta do PT, enviando mensagem direta para Bolsonaro. “Também terá a responsabilidade, sim, se acontecer algo com qualquer outro cidadão brasileiro pela incitação feita ontem para a mobilização da avenida Paulista”, defendeu.

Gleisi manifestou também perplexidade em relação à passividade das instituições brasileiras, especialmente dos tribunais, em relação a tudo o que está acontecendo nestas eleições. “Estamos tendo uma eleição praticamente fraudada a céu aberto e não estamos vendo por parte dos tribunais os atos necessários e devidos”. Ela lembrou que o candidato adversário já havia dito anteriormente que não aceitaria o resultado se não fosse ele o vencedor.

Notícia-crime
Lindbergh Farias anunciou que entrou com notícia-crime contra Bolsonaro “porque o que ele fez no discurso de ontem para manifestantes da avenida Paulista foi uma ameaça a mim, ao Haddad e aos nossos apoiadores. Ele não pode e não tem poderes para isso. Ele não está acima das instituições”.

Para Lindbergh, o discurso de Bolsonaro se tornou mais grave ainda porque foi produzido logo depois de ter sido vazado um vídeo do filho dele falando sobre o fechamento do Supremo Tribunal Federal, com um soldado e um cabo.

Para Lindbergh, o candidato do PSL à presidência realizou “um discurso de eliminação do inimigo”, que incluiu ameaças também aos movimentos sociais, à imprensa em geral, ao jornal Folha de S. Paulo, aos petistas como um todo, entre outros. “Tudo isso é muito grave. Se estão fazendo isso com autoridades, imagina o que podem fazer com você”, indagou, referindo-se aos brasileiros em geral.

Outro aspecto grave para o senador petista é que Bolsonaro “quis dizer que as pessoas votaram nele sabendo o que ele estava falando. Ele quis legitimar o que poderá fazer. Foi um discurso de um candidato a ditador e não a presidente da República”, comparou o líder do PT no Senado, ao acrescentar que os dirigentes e militantes petistas não têm medo do adversário. “O que temos é desprezo por quem ataca de forma tão grave a democracia brasileira”.

Violência crescente
O líder Paulo Pimenta disse que foi fundamental relatar à OEA o que está acontecendo no Brasil. “Foi também uma maneira de formalizar ao mundo a gravidade do que estamos vivendo nestas eleições. Não tem normalidade democrática e as autoridades estão assistindo tudo passivamente”, criticou. Ele citou ainda a crescente onda de violência. “São mais de 70 casos com ocorrência de apoiadores de Haddad atacados em todo o País. Mas vamos continuar nas ruas trabalhado, vamos ganhar essas eleições”, ressaltou.

Pimenta avalia que, com o discurso do dia 21, o candidato do PSL “quer semear o medo. Ele quer que as pessoas tenham medo de andar com camisetas vermelhas, com os nossos adesivos, fazer a nossa campanha”. Para ele, o presidenciável busca incentivar “de maneira criminosa que as pessoas passem a caçar todos aqueles que segundo ele não se enquadram no Brasil que eles sonham”.

Pimenta destacou que o PT e seus apoiadores exigem que “as autoridades garantam a segurança das eleições”. Ele ressaltou que a campanha do adversário acreditava que venceria no primeiro turno e “que não haveria tempo de se desmentir e descobrir todos os esquemas criminosos montados por eles”.

Democracia em jogo
O senador Requião, uma das grandes vítimas dos artifícios utilizados nas redes sociais na última semana do primeiro turno das eleições (ele liderava as pesquisas para o Senado no Paraná até a véspera da eleição, e acabou não se elegendo), afirmou que a atual situação de grande tensionamento vivenciada na política brasileira “não começou ontem”.

Para Requião, a ascensão de Temer à presidência da República foi central nesse processo. O senador paranaense acredita que boa parte do que está acontecendo hoje no Brasil, tem a interferência direta dos Estados Unidos, que pretendia, desde o início da crise vivenciada pelo Brasil, ampliar o acesso das empresas estadunidenses ao Pré-Sal brasileiro.

O senador do Paraná afirma que, ao se colocar acima de toda a estrutura Judiciária do país, Bolsonaro demonstra que “o que está em jogo é a democracia do Brasil”. Para ele, Bolsonaro é como um “‘avatar’ criado pelas grande mídias, pelos interesses estrangeiros, pelo capital financeiro. Se o Bolsonaro se eleger, quem perde é o Brasil”.

Requião afirma que não vê em Bolsonaro “a capacidade de exercer o cargo de presidente da República”. O senador do MDB prevê que um eventual governo do candidato do PSL seria marcado por uma grande confusão – havendo o risco, ainda, de que dure muito pouco tempo.

Mais votos e empregos
O governador do Piauí, Wellington Dias, afirmou que, na região Nordeste, os apoiadores de Haddad estão trabalhando para garantir uma votação ainda melhor para o petista no segundo turno. “O estado do Piauí deu 63% dos votos para ele, e vamos crescer”, previu Dias. No final de semana, Haddad participou de um grande ato na região da cidade piauiense de Picos. E, no Ceará e no Maranhão, os atos com Haddad também contaram com milhares de pessoas. “É possível crescer, sim”, projetou.

Dias afirmou que, no Piauí e no Brasil, “queremos um país com democracia, um país com paz”. O governador petista destacou que o país atualmente vive uma de suas piores crises – e que enfrenta uma situação dramática de 2016 para hoje.

Em sua avaliação, não é possível em uma situação como esta que o país está passando, colocar na presidência alguém que “não tem uma capacidade de sentar com os diferentes, de articular com o Congresso, articular democraticamente com os outros poderes, com a população, de lidar com os municípios, com os estados, que só acredita na força da truculência”.

Nós queremos a economia crescendo, queremos emprego, queremos os programas sociais, queremos trabalhar, com respeito à democracia”, defendeu Dias. “Não queremos violência, não queremos essa política de ódio. Queremos paz. É em nome disso que vamos trabalhar até o dia 28”, finalizou.