Sobre previdência no #DebatedaGlobo: “O pobre não pode pagar o ajuste fiscal”, ressalta Haddad

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Durante o debate promovido pela Rede Globo, nesta quinta-feira (4/10), Fernando Haddad (PT) abordou o tema da previdência. Ele afirmou que a reforma da previdência proposta por Temer é nefasta para o país.

Para Haddad, a proposta do Temer não trabalha com as diferentes realidades do povo brasileiro, como por exemplo a realidade do trabalhador rural, que vive outra realidade, diferente dos centros urbanos.

“Não dá pra ter a mesma regra da previdência pra todo mundo. A expectativa de vida do brasileiro varia conforme região e renda. Essa reforma seria injusta, sobre quem mais precisa do estado”, disse.

O candidato do PT foi enfático ao dizer que “o pobre não pode pagar pelo ajuste fiscal”.

Na visão de Haddad, a Reforma da Previdência proposta por Temer é um projeto que praticamente inviabiliza o sistema público de aposentadorias e transfere para o mercado financeiro privado a maior parte dos recursos da poupança previdenciária do país. Essa reforma foi a única iniciativa desse pacote de medidas que acabou sendo travada durante sua tramitação no Congresso Nacional.

Haddad vai promover o equilíbrio financeiro e justiça previdenciária
Em seu plano de governo, Fernando Haddad afirma que tem compromisso primordial de assegurar a sustentabilidade econômica do sistema previdenciário é manter sua integração, como definida na Constituição Federal, com a Seguridade Social.

Dessa forma, Haddad rejeita os postulados das reformas neoliberais da Previdência Social, em que a garantia dos direitos das futuras gerações é apresentada como um interesse oposto aos direitos da classe trabalhadora e do povo mais pobre no momento presente. Para ele, é possível estabelecer o equilíbrio das contas da Previdência a partir da retomada da criação de empregos, da formalização de todas as atividades econômicas e da ampliação da capacidade de arrecadação, assim como do combate à sonegação.

Proposta igual a de Bolsonaro fez 90% dos aposentados chilenos receberem só meio salário mínimo

Acabar com o sistema público de aposentadoria no país é a proposta do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, conforme declarado por seu ‘mentor’ da área econômica, Paulo Guedes. O plano de Guedes é eliminar a contribuição patronal para a previdência e capitalizar a aposentadoria. Esta é uma proposta comprovadamente nociva à população, como bem exemplifica o caso chileno. Outra proposta defendida pelo economista é a faixa única de imposto de renda, que triplica impostos para os mais pobres.

O sistema previdenciário sugerido pela equipe econômica de Bolsonaro é igual ao implantando no Chile no início da década de 80, em que cada trabalhador deposita cerca de 10% do seu salário em uma conta individual, gerida por empresas privadas que cobram altas taxas de administração. Nesse sistema, não há contribuições dos empregadores ou do Estado. Cinco empresas financeiras privadas administram esses fundos de pensão: elas têm patrimônio equivalente a 70% do PIB chileno, segundo dados da OCDE.

Passadas três décadas, o resultado é que apenas metade dos trabalhadores chilenos possuem aposentadoria que, em quase 90% dos casos, correspondem a valores equivalentes ou inferiores a cerca de meio salário mínimo , o que torna-se uma situação insustentável para os idosos. Isso porque a grande maioria dos trabalhadores, que sempre ganhou salários baixos ou passou grandes períodos desempregada, não conseguiu fazer uma poupança com recursos suficientes para garantir os gastos de todos os anos de sua velhice. Hoje, o Chile tem uma massa de idosos vivendo à míngua, perambulando pelas ruas, procurando bicos para sobreviver ou sobrevivendo de caridade.